terça-feira, 16 de dezembro de 2008

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O viver


Não sabia o que a esperava. Mantinha a mente aberta a tudo que pudesse acontecer... apenas buscando ser sincera consigo mesma.
Tudo estava calmo no dentro.
Enquanto sentia, deixava aflorar da pele, das mãos, dos olhos, do caminhar... tocou o fora... trocou com tudo que estava ao seu redor.
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Com o tempo aprendemos a nos decifrar, a criar meios de viver o impensado...
Criamos nossos códigos, uma maneira particular de nos relacionarmos...
Pequenos momentos que transformam, que nutrem, que fazem com que tire os pés do chão e possa sorrir como a criança que nunca fui.


Sem medos... sem reservas...

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

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O caminho que pode ser seguido
Não é o Caminho Perfeito.
O nome que pode ser dito não é o Nome eterno.
No principio está o que não tem nome.
O que tem nome é a Mãe de todas as coisas.
(desconheço autor)
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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Dança das Cores





Sentiu as luzes sobre sua cabeça, um amarelo vivo, penetrando os corpos, tocando e conectando alguma coisa do interno que no encontro expandiu ficando maior e maior...


ela pôde perceber a dor, era muita dor, intensa dores de vidas, de mundos, de épocas... de desejos sonhados, dos sonhos tentados, de violências sofridas...


as espirais de luzes, de diferentes matizes mesclavam-se e no dançar desfaziam os nós, substituíam as dores por cores, e a única palavra que poderia ser ouvida se algum som existisse era:

re-construção!

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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

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Vozes e Silêncios

Acreditava que as vozes haviam se calado, ao menos assim queria que fosse... tão logo despertou da estranha dormência, lá estavam elas, transformadas, confusas, intensas... camuflando-se em outras paisagens, com novas cores e matizes... alternando-se... repetindo as sílabas sem nexo e entusiasmadas...

Sua única opção era permite-lhes a fala... deixar que esgotassem toda a possibilidade de som...

Então, uma voz conhecida (a voz de fora... mais dentro que todas as vozes de dentro) entoou o som diferenciador...


todas as vozes silenciaram e partiram em busca do sentido...

paz!

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

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rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!!!!!!!!!


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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008


Do que somos constituídos?


...descobrimos que moramos em um planeta insignificante, perdido em uma esquina esquecida de um universo que possui mais galáxias do que pessoas vivas na Terra...


"Nós podemos explicar o azul-pálido desse pequeno mundo que conhecemos muito bem. Se um cientista alienígena, recém-chegado às imediações de nosso Sistema Solar, poderia fidedignamente inferir oceanos, nuvens e uma atmosfera espessa, já não é tão certo. Netuno, por exemplo, é azul, mas por razões inteiramente diferentes. Desse ponto distante de observação, a Terra talvez não apresentasse nenhum interesse especial. Para nós, no entanto, ela é diferente. Olhem de novo para o ponto. É ali. É a nossa casa. Somos nós. Nesse ponto, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas. Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, todas as inúmeras religiões, ideologias e doutrinas econômicas, todos os caçadores e saqueadores, heróis e covardes, criadores e destruidores de civilizações, reis e camponeses, jovens casais apaixonados, pais e mães, todas as crianças, todos os inventores e exploradores, professores de moral, políticos corruptos, "superastros", "líderes supremos", todos os santos e pecadores da história de nossa espécie, ali - num grão de poeira suspenso num raio de sol. A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica. Pensem nos rios de sangue derramados por todos os generais e imperadores para que, na glória do triunfo, pudessem ser os senhores momentâneos de uma fração desse ponto. Pensem nas crueldades infinitas cometidas pelos habitantes de um canto desse pixel contra os habitantes mal distinguíveis de algum outro canto, em seus freqüentes conflitos, em sua ânsia de recíproca destruição, em seus ódios ardentes. Nossas atitudes, nossa pretensa importância de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo isso é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida. O nosso planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante. Em nossa obscuridade, no meio de toda essa imensidão, não há nenhum indício de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve de nós mesmos.(...)"
Sagan, Carl - Pálido ponto azul: uma visão do futuro da humanidade no espaço. - trad.: Rosaura Eichember. - São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 31.



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Marcas da pele...
Nada pode substituir... nada é maior e mais repleto de significados que as marcas que forjas em minha pele... cada vez que tuas mãos alcançam as minhas... cada vez que teus olhos me procuram no dentro... e ao sorrir deixas transparecer o que estavas a guardar... o que há muito não podíamos falar, mas que estavam no silêncio das promessas feitas... ao longo e através da existência.


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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

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Ide-ação

Como admiro a genialidade dos loucos, daqueles que não possuem vestimentas... que não se incomodam com o amargor que sai do olhar dos outros...

(amargos olhares dos que se revestem de normas/regras/morais e vivem almejando a liberdade que somente a loucura é capaz de forjar)



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Estranheza e luta...

Aquela estranha sensação ficou por semanas a caminhar em meus corpos... Sorria à toa... podia ser planta, ser flor, ser bicho, ser humana...

Tudo naquele instante estava ao meu alcance...

(sonhei com o dia que minhas mãos alcançariam teus pés)

Deixei que o sentimento se expandisse... lutei... briguei... coloquei-me em fogueiras... abri-me por inteira.

Desisti inúmeras vezes... apenas para re-começar novamente...

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sábado, 29 de novembro de 2008

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Desejos e necessidades...



Soltar as cordas que ainda me mantém presa em idéias e formas...
Dançar como alguém livre nos palcos do espírito...
Tirar o ranço lamacento daquilo que em mim foi colocado...
Fazer com que a mente pare, nem que seja por alguns instantes...
Tecer as linhas de meu caminho com minhas próprias mãos...
Permitir que o vento entre nos corpos carregando consigo tudo que lhe pertença...
Ser espiral como as chamas que me ardem no interno...
Ter raízes que alcancem o centro da terra e braços que sejam tão longos que circundem o universo...
Atravessar as barreiras do caminho sem perder a essência, sendo fluídica e adaptável como a água...





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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

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Ando com necessidade da amplidão...

de me perder em espaços infinitos...

subjetivar a forma... alimentar o abstrato...

livre... livre... livre...


(reticências infinitas)


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Criações...

Busco no dia-a-dia dar forma ao que possuo no dentro, fazer da minha vida um reflexo do que me constitui...


Crio minhas cores, construo trilhas, atalhos e caminhos que possam me revelar, que de alguma maneira exponham o que me corre nas veias...


o que faz pulsar o coração...




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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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Os gritos que grito...

Os gritos de angustia, aqueles que sentem o tempo escorrido entre os dedos e que sabem não mais retornar... os gritos de dor das marcas sofridas pela vida e pelo caminhar, inevitáveis, mas para as quais pouco se está preparado...

Há os gritos que gritam para espantar o tédio, ou a rotina que se torna dilacerante para quem possui o espírito livre e almeja vôos mais longos...

Existem ainda os gritos de alegria, de conquistas e vitórias, aqueles que se dá abraçado em quem se ama...
(nunca vi um grito de vitória que fosse sozinho ou isolado)

Há gritos que ecoam na mente, formando tempestades e turbilhões que retiram da visão o foco esperado... trazendo oscilações aos sentimentos, gestando pensamentos dissonantes que não formam nenhum entendimento...

Os gritos silenciosos e internos dos que aguardam espaço para existência... dos que reclamam por seus corpos, por suas vidas, por seu tempo...

Aos gritos que me habitam...

Reconheço suas importâncias e histórias.
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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

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Em busca do centro...
Procuro dar vida a vida, a cada célula de meu corpo, descobrir uma maneira eficaz de interação entre as partes que me compõe, ser tão pequena quanto um grão de areia e tão vasta como o próprio universo...

Procuro os elos que me fazem estar no aqui, do agora que não sei até onde construí ou que me foi construído, sem que perguntassem o que queria ou esperava

Procuro as ressalvas de meus corpos, os breus de meus infinitos, tentando aplacar os tantos de inconsciência que se mantêm presos a ínfimos sentimentos

Procuro as imensidões do meu Ser nas pequenas e rápidas partículas que de tão velozes me fogem do olhar

Procuro quem sabe, a mim mesma, na multiplicidade do que abrigo, no oculto do que oculto, no além do que percebo.
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Quem sabe um dia os corpos deixem de ser apenas físicos...

as mentes deixem de ser mentes elementais/orgânicas e programadas...

e o homem possa ser enfim o que verdadeiramente é...

Divino em si mesmo.

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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

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Reticências de um passado...


Em algum momento falarei de nós, do que vivemos e do que fugimos, talvez a mente, mesmo ao ler continue a duvidar, mas o coração por certo saberá.
As verdades não são minhas, apenas as busco, como a mim mesma, sem medo das retaliações que possam causar... Tudo foi muito maior do que podes aceitar, ainda que não consigas me ferir, entristece-me saber que a fuga e o medo foram os escudos que insististes em usar.


Os grilhões são teus e não meus.


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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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Construção do Ser


Buscar explicações onde elas não existem
Reter o tempo entre as mãos
Fazer conexões com o impensado
Criar a equilibração no caos
Estabelecer prazos ao infinito
Reajustar as trovoadas tempestivas
Investir na anarquia
Trazer a criatividade do nada
Pintar telas invisíveis
Extrapolar as linhas da racionalidade
Viver o fazer que diferencia
Conviver com múltiplas realidades
Saber-se humano enquanto animal
Ousar...
Ser


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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

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"fazemos nosso tempo, enquanto ele nos desfaz"




O que se desfaz com o tempo? De que tempo estamos falando?

O tempo-espaço é onde existimos fisicamente... esse tempo não é fixo pois, se o fosse, não poderíamos nos deslocar para o passado ou futuro...

No plano do espírito muitos são os tempos e espaços em que habitam... construções/apegos de suas mentes/sensações e ainda assim de vivências/experiências físicas...

Quantos mais seriam os tempos que habitam o interno?

Quantas são as criaturas perdidas nessas linhas imaginárias?

Em que tempo realmente existimos?

Onde estamos ancorados?

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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

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Diversificação do foco sem que o equilíbrio seja ameaçado...


Sustentação das múltiplas realidades sem que se dê maior atenção à esta ou aquela...





um objetivo... um desafio...


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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

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Há muito tempo...


Há muito tempo aprendi que as tempestades podem ser nossas melhores amigas, que é necessário que os ventos soprem intensamente retirando a estagnação dos corpos e das mentes...
Há muito tempo entendo que o melhor de nós é justamente aquilo que nos diferencia e nos torna únicos e imortais...
Há muito tempo busco a mim mesma, montando o mosaico do Ser e da existência, incontáveis vidas, tentativas, dores, alegrias, derrotas e vitórias, chegadas e partidas...
Há muito tempo entendo que tudo não passa de uma colcha de retalhos, onde esticamos os emaranhados construídos no passado, de muitas vidas e até mesmo de muitos mundos...
Há muito tempo não me reconheço, não sei quem está e onde está, quem sente, pensa, deseja... múltiplas personalidades coabitando, interagindo nas diferentes dimensões de meus corpos...
Há muito tempo entendo que os corpos existem apenas como meio de manifestação e representam toda a possibilidade de evolução, de construção e de reconhecimento do viver...
Há muito tempo ando por estradas, caminhos e trilhas por meus próprios pés forjadas e muitas foram às vezes em que parceiros de outros mundos me carregaram em seus braços, acenderam lamparinas, marcaram com suas cores as direções do caminho...
Há muito tempo entendo que não há, nem nunca existiu um pódio de chegada, que a vida não é uma corrida maluca em busca de reconhecimento e de status, mas de aprimoramento e construções internas e que a verdade de quem realmente somos fica protegida e velada dos olhos daqueles que nada sabem, mas que pensam de tudo saber...

Há muito tempo aprendi que sou constituída de muitas verdades, de muitos caminhos, de muitos eus, de muitas, múltiplas e simultâneas vidas...

Há muito tempo entendo que Ser não cabe nas palavras e muito menos em livros, que a mente não sabe Ser, que a mente teme o Ser e dele busca se proteger...
Há muito tempo entendo que não pareço coerente e razoável àqueles que nunca me viram e dizer-lhes que podemos ser uma única e mesma realidade talvez não lhes faça sentido algum...
Há muito tempo sei que não importa o tempo, as estações e as luas, o que É não deixa de Ser e Existir pela ignorância e inconsciência...
Há muito tempo aprendi que vastos, vários e incontáveis são os mundos que me habitam e que posso ser do jeito que fores capaz de me olhar e ainda assim, nada altera ou muda o que realmente Sou...
Há muito tempo aprendi que tudo e todos me constituem, mas que ainda assim não são tudo o que Eu Sou...


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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

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Estranha e confusa foi a percepção dEla na tentativa de fragmentar-se nEle. Como pode mudar/alterar tanto sua maneira de ser sem se aperceber? Ela vi-se refletida nas atitudes, estranhas e desconexas com tudo que conhecia de si mesma. Seria Ela aquela criatura? Por que demoraria tanto tempo a emergir? A muito sabia que os sentimentos estavam por demais antagônicos à razão, mas a visão periférica e maior ainda não tinham ocorrido a Ela.

Agora é mais “fácil” a Ela retomar as rédeas que estavam perdidas em um mundo até então desconhecido, e dizer de todo o pulmão:

Não aceito ser menos do que Eu Sou!
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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

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Havia apenas uma sensação/sentimento de algo caindo, quebrando, partindo em pedaços, como um cristal, uma taça... A imagem mostrava-se continua... Caindo... Caindo... Quebrando...
Tentei buscar respostas no dentro...
Espectros se apresentaram... Formas passadas desintegrando-se, formas futuras construindo-se, tudo no tempo presente e ao mesmo tempo... Ainda assim não me parecia ser o que estava sendo quebrado...
Serão esses meus desafios, o que ainda luta no oculto de mim mesma?


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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

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"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo".



ROSELIS VON SASS



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terça-feira, 14 de outubro de 2008

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Adoro dias chuvosos, meio cinza... parece que tudo está no lugar certo e que minhas raízes estão sendo renovadas, alimentadas. Sinto uma nostalgia boa, uma saudade de não sei o que, mas que sempre esteve. A criatividade parece que ganha carga extra, vontade de fazer mil coisas ao mesmo tempo... ler, escrever, desenhar, pintar... “vontades” que sempre acompanham um dia assim.



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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

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Quem sabe um dia... um dia que seja diferente de todos que vivi, possa eu encontrar mais que a chegada, mas uma forma de recomeçar... trazer do infinito a possibilidade de criar, através de minhas mãos, um caminho que me leve mais perto de tua divindade.
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quinta-feira, 2 de outubro de 2008

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Enquanto lutava contra tudo que sentia no “dentro” não percebia o quanto de mim mesma já tinha conquistado... enquanto sonhava em encontrar não me permiti viver o que tinha ao alcance das mãos. O mais engraçado é que quando consegui, percebi que sempre o tive, e nada seria tão diferente do que sempre fora.
Às vezes necessitamos mais do que o silêncio e a distância... se ao menos soubesse ler o estranho dialeto das palavras impronunciadas não teria passado tanto tempo sonhando acordada.

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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Meu amor não tem forma, tem vidas.
Meu amor não tem nome, tem mundos.
Meu amor não tem destino, é o próprio caminho.
Meu amor não tem prisões, possui as chaves da libertação.
Meu amor não tem pressa, existe por si.
Meu amor não tem ilusões, é o princípio da verdade.
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terça-feira, 16 de setembro de 2008

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Há tantas coisas na mente, mas as palavras continuam perdendo-se do caminho das mãos, entraram por alguma rota estranha, ou apenas aguardam o momento de maturação.

Muitas foram as palavras que escrevi e apaguei que temo ter acabado com toda possibilidade de entendimento...

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domingo, 14 de setembro de 2008

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Sabia-se filha dos cosmos e, no entanto, sem pátria alguma... a existência e suas vidas, um começo sem fim de universos, que se interpenetravam, interagindo uns com os outros no caos interior. Não entendia como algo nefasto ou assustador, apenas era o que era... suas explicações não cabiam na mente.


Como construir a unidade nos diferentes infinitos? Como ordenar o que por natureza é caos? Precisa-se construir ou apenas aprender a ser fluído e fluídico em seus próprios infinitos, aprender a navegar em si mesmo? As perguntas também não lhe cabiam na mente e nem ela pretendia que assim fosse.
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sexta-feira, 12 de setembro de 2008

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Ela esperou que o dia chegasse... o momento em que Ele conseguiria ver a razão dos infortúnios pessoais... Muitas coisas aconteceram, tudo parecia ser óbvio, mas o era apenas para Ela.As palavras de sua boca (dEle) saiam sem consistência, já não tinham razão de ser e mesmo Ele o percebeu, ainda que sem entender por que não possuíam o peso habitual... Ao final, as máscaras foram re-colocadas e tudo não passou de um engano.A verdade estava ali, bem diante de seus olhos, Ela não podia deixar de ver... Tudo era como sempre fora... Apenas para Ele.
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sábado, 6 de setembro de 2008

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As palavras me sopram aos ouvidos... perderam-se no caminho das mãos...

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terça-feira, 2 de setembro de 2008

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Não quero fazer sentido ou ter explicação, quero apenas ser o que sou, sem pedir desculpas por isso. Estar feliz sem nenhum motivo e me sentir perdida ainda que conheça exatamente minha localização.




Tudo que é exato não me pertence, prefiro viver no caos interior que ser normal e classificável... Não gosto do teatro dos egos... personalidades sempre se debatem no raso. Quero os mundos que se misturam em mim mesma, ainda que não consiga tocá-los... prefiro a loucura de quem experimenta e erra, fragmentando-se em mil pedaços, do que aquele que viveu sonhando sem nunca sair do lugar.


Preciso de minhas ferramentas e liberdade de expressão, prezo tudo que me constitui... sou consciente de minha condição, de quem sou e do que devo construir, não quero perder tempo com os cegos que enxergam, ou com os surdos que ouvem, apenas porque a verdade lhes dói ou seus corpos não estão prontos. Pronta, estou eu, para viver e voar... porque insistem em podar minhas asas, como se a elas não fosse facultado o poder de renascer?!

Quem pensa que sabe deveria se esforçar mais, colocar lentes de aumento e deixar-se flutuar no cosmos, então entenderá que tudo é muito maior do que já fora escrito e que ninguém, nada, por mais que atrapalhe, pode apagar os traços da antiguidade. Essa antiguidade não é amorfa ou caduca, mas sabia e resistente, traz em si a poeira e os trapos daqueles que não possuem mais corpos, mas que resistem a inconsciência, a ignorância e a disputa de egos.


Hoje eu só quero dizer: ai... ai...

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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

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...Arranca o objeto de tua contemplação da corrente fugidia do mundo e o isola diante de si: este individual, que naquela torrente era uma ínfima parte esvaecente, torna-se para consideração do gênio, um representante do todo, um equivalente no espaço e no tempo do muito infinito: ela, consideração, permanece nesse individual, a roda do tempo pára, desaparecem as relações, apenas o essencial, a Idéia, é objeto para ela. – Podemos, por conseguinte, denomina-la de o modo de consideração da coisa independente do princípio razão, em oposição, precisamente ao modo que segue este princípio, que é caminho da experiência e da ciência...

... O conhecimento intuitivo, em cujo âmbito radica a Idéia é, em geral, oposto ao conhecimento racional ou abstrato, guiado pelo princípio de razão do conhecer...

... o conhecimento abstrato, não mais guia a conduta, mas o intuitivo, e é por isso ela se torna desrazoada: além do mais, a impressão do presente é bastante poderosa para ele, lança-o a irreflexão, ao afeto, à paixão...

Schopenhauer

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(W#36 218)
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quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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Universo particular


Nunca escrevi para ti, ao menos não diretamente... são apenas menções a presença e seus coadjuvantes, ou simplesmente um relato dos abismos que em mim resistem e residem... Talvez ainda não consiga interpretar tuas interrogações, ou mesmo acreditar em minhas afirmativas quando pretensiosamente quero conviver com verdades impensadas ou com consciências imensuráveis... Recuar é tarde, teu corpo já fez casa no meu e teu caminho passa por onde andei...
O sentimento é antigo e a mim cabe buscar as respostas do que desnudas quando me olhas, do que provocas com teu silêncio e do que não cresceu no emocional... Tenho muito a aprender e esse aprendizado passa por teus braços... e do quanto de teu, abrigo em mim.

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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

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Um dia, uma voz... palavras que o ouvido acostumara-se a ouvir criaram o entendimento. Talvez todos os seus sentidos estivessem ali... talvez de tanto ouvir perfurou a resistência da ignorância e sua própria escuridão se fez presente.
Incrível que para poder ver algo necessário se faz apartar-se dele.
E foi então que sua luz resplandeceu.




Sem entender com plenitude, segue buscando a cura, do que nela fora colocado... palavras mal faladas, buscas inacabadas, sonhos encaixotados nos cantos do subconsciente e um novo mundo a ser explorado... Ela sofria dores, machucaduras criadas pelo tempo, de um tempo que sentiu como se lhe fora roubado, não há outra saída... enfrentaria seus próprios infernos... e isso já era sabido.

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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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A ANDARILHA


Era uma vez uma mulher que andava pelas ruas e florestas. Era jovem de aparência e ao mesmo tempo antiga como o tempo. Carregava consigo uma mochila onde guardava seus bens mais preciosos. Ainda que tivesse muitos amigos e conhecidos preferia caminhar sozinha, admirando a paisagem, o sol, a lua...
Uma noite, cansada de caminhar, chegou a uma encruzilhada, no centro de uma floresta, sem saber exatamente que direção tomar resolver descansar um pouco e admirar a noite. O céu estava claro, as estrelas mais brilhantes do que conseguia recordar, e no centro do céu a constelação de Órion a observá-la. Embriagada pelo momento, sentindo-se plena e em paz, adormeceu.
Sem perceber o tempo passado acordou com um barulho estranho... Curiosa como sempre fora, resolveu averiguar do que se tratava, tudo para ela era uma aventura e a possibilidade de aprendizado.
Seguindo o som embrenhou-se na floresta, por alguns instantes parecia estar muito próxima, em outros, completamente distante, mas sem desistir, continuou sua busca. O som foi aumentando e parecia vir de dentro de uma grande pedra... Ainda sem conseguir encontrar sua resposta aproximou-se cada vez mais até perceber que se tratava em realidade de uma caverna. Era estranha, ao mesmo tempo em que parecia escura e profunda possuía luz própria, o que lhe permitia ver o que acontecia em seu interior. Extasiada pelo que vira, não percebeu a aproximação de um homem, assustando-se quando esse lhe tocou o ombro. Era um homem jovem, alto, magro, e fazia sinal de silêncio, esboçando um sorriso confiável. Ficaram por quase uma hora apenas observando o que se passava naquela estranha caverna. Ainda em silêncio o jovem homem segurou sua mão levando-a para longe dali. Quando não mais avistavam a caverna, a Andarilha, no ímpeto de entender o que vira, perguntou ao jovem:
A - Quem são aquelas mulheres? O que elas estavam fazendo? Porque elas não têm olhos?
H – Calma! Aquelas mulheres são as filhas da noite, as guardiãs da vida, tecem o destino dos homens. Não possuem olhos porque sua visão não é física, para elas não importam as formas, apenas os registros internos.
A – A primeira tecia o fio, a segunda o esticava e a terceira? O que ela tinha no lugar das mãos?
H – Uma tesoura! A terceira corta o fio quando a vida se extingue.
A – Como assim?
H - Quando alguém morre no plano físico, passa para o mundo astral, e para que isso aconteça o fio é rompido.Enquanto conversavam continuaram a caminhar chegando a encruzilhada onde ela adormecera.
A – Então essas mulheres são as Guardiãs do Destino dos homens? Tudo já está pré-destinado?
H – É quase isso!
Sorrindo ele continua sua explicação:
H – A Primeira mulher não tece o fio da vida em uma Roca qualquer, essa é chamada de Roda Cármica e a partir do seu giro alguns homens podem renascer, outros não, tudo vai depender de uma série de fatores planetários, que elas conhecem muito bem. Quando um homem nasce, ele tem seu destino, suas metas, seu porque de renascer, isso pode variar muito de pessoa para pessoa, pois nunca o nascimento é obra do acaso. A segunda Mulher, que estica o fio, vai determinar os lugares, as pessoas e as circunstâncias em que os renascidos vão construir suas vidas de acordo com seus históricos cármicos.
A – Então não podemos alterar nada? Elas decidem tudo de acordo com nosso passado?
H – Eu disse que é quase isso! Vou te explicar melhor. Olhe a estrada a sua frente, o que vê?
A estrada era diferente de quando chegara naquele lugar, o que antes era uma encruzilhada agora era uma reta sem fim e no mesmo instante que era de terra, parecia ser de pedras douradas, alternando-se em sua visão.
A – Vejo uma única estrada e ao mesmo tempo parecem ser duas, uma de terra e a outra de pedras douradas.
H – Isso mesmo, essa é a diferença, consegues perceber?
A – Não! Porque parecem duas?
H – Na realidade é apenas uma, mas o que determina se ela será de terra ou de pedras douradas são as escolhas que fizemos, aquilo que levamos conosco e o que somos capazes de adquirir no caminho.
A – Como assim?
H – Nessa estrada muitas vezes serás ferida por aqueles a quem ama, sofreras doenças, sentirás falta de muitas coisas. Vais tropeçar em pedras que não verás, vais cair e levantar e a diferença está no que carregas em tua bagagem e das escolhas que fizeres a cada momento. As pessoas podem acrescentar elementos em tua bagagem e elas por si só fazem parte de teu caminho, mas o que construirás com elas é de tua escolha. O amor e o ódio, o ressentimento e o perdão, a ignorância e o entendimento, são o que fazem parte de nossas escolhas. Podes cair no chão e ficar lamentando a queda, culpando alguém, mas podes cair e tentar entender porque não percebeu a pedra, entender que mesmo ela faz parte de teu caminho. Podes ser ferida, magoada e te defender, revidando e magoando da mesma forma, ou até mesmo, com mais intensidade, mas podes tentar perdoar, entender e ajudar quem te feriu, tudo são escolhas, o tempo todo.
A – Então é isso! Somos responsáveis por nossas escolhas mesmo que não se saiba o por que de nossas vidas.
H – Sim, é isso. Tuas escolhas vão determinar os giros da Roda, e o que vais carregar ou não em tua bagagem. Podes chegar no final da estrada com uma bagagem rica e plena de realizações, ou pode levar consigo apenas as faltas e dores sofridas. A maioria das pessoas possui uma mescla das duas coisas, assim como a estrada que se alterna à tua frente.

Sentindo-se desconfortável, com dores no corpo, ela acorda. Percebe que o Sol já estava alto e custa a entender o que se passou. Levantando-se devagar, continuava na mesma encruzilhada, mas não existiam dúvidas sobre qual caminho seguir. Pegou suas coisas pôs-se a caminhar, relembrando sua experiência olhava para o chão e via a estrada alternado-se, as pedras douradas eram lindas e o Sol as faziam mais brilhantes que no seu sonho. Entendeu que teve um lindo encontro com as Senhoras do Destino e agradeceu com a força de todo seu Ser por esse momento, dando-se conta que não sabia quem era o homem que tanto a ensinou e foi então que a intuição pulou de sua mochila e lhe disse ao ouvido: - Livre-arbítrio!
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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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Remédios para os nervos...

Alguém quer?

Aceita!?
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sábado, 16 de agosto de 2008

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Já fui o Grilo Falante...
Hoje apenas um grilo em conflitos, e para completar meu cargo de alter ego do JC foi colocado a disposição!!!!
Ai... ai...
Preciso, urgentemente, me aprumar!!!!
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terça-feira, 12 de agosto de 2008

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Apenas uma Lua

Nasci na constelação de capricórnio, oposta ao Sol em Leão, quase sem querer... Já que é difícil para os elementos em questão (terra e fogo) construírem entre si esse aspecto... mas nada foi fácil e essa seria apenas mais uma das dificuldades. Enquanto meu contraponto, o belo Apolo, está acompanhado da Cauda do Dragão, tendo consciência de suas passagens anteriores, a cabeça do monstro me faz companhia, esperando que lhe diga a direção que deve tomar... Ou será que eu é que a sigo?! Mmmm de qualquer forma, aonde uma vai a outra vai junto já que estamos (eu e a cabeça) na mesma constelação.


Em declínio, minhas fases já não podem ser tão fluídas, tornam-se mais sólidas com a responsabilidade de significação a cada grau percorrido. Recebo as graças de Hades, meu amado Plutão, em um trígono crescente, servindo de intermediário em sextil com Apolo. Somente ele toca a nós dois, e a responsabilidade aumenta, pois tenho eu mesma, que descer nos abismos de seu território.


Lugares sombrios e escuros são minha morada, já que em capricórnio as cavernas lhe servem de casa... Então, desde muito cedo tive de aprender as lições da solidão, e do afeto por conta-gotas... sinto falta do que não tive, ou que me foi negado, ou simplesmente estava ali, mas não ao meu alcance.


No dia que nasci estava bela, linda e radiante, contando as horas para me tornar cheia, muitas pessoas olhavam minha face e já me viam como se cheia estivesse, mas faltavam 6h para isso, então estava em uma fase de transição, em um dia de troca de bastão, sairia da crescente e entraria na fase cheia... E até isso é confusão... Ai... ai... no final das contas não era nem uma nem outra e há quem diga, como Dane Rudyar, que estava corcunda, será? O que isso quer dizer!? Bem peguei os livros e lá fui eu... Lua Corcunda...
“Tende a dar muita atenção ao desenvolvimento da sua própria capacidade de crescimento pessoal, deseja oferecer valor e significado à sua sociedade, à própria cultura, ou de modo geral, a própria vida. Pergunta-se repetidamente, “por quê?”, e trabalha no sentido do esclarecimento de questões pessoais ou sócio-culturais, tendo em mente algum tipo de objetivo que para ela é importante. Em geral, possui uma mente aguçada e de capacidade para associar idéias e conceitos, procurando com isso tornar possível algum tipo de revelação ou de iluminação...”
Sabias palavras de Dane... ainda que sejam muitas as perguntas sem resposta.

Uma vez, ouvi um comentário pelo Zodíaco que se conseguisse vencer minhas carências conseguiria materializar qualquer coisa que desejasse com intensidade, ou que sentisse necessário que meu fosse... às vezes isso realmente acontece, mas meu inconsciente atrapalha e acabo materializando as faltas, talvez mais do que as presenças... Estou aprendendo, e a sensação de culpa é apenas mais um sintoma de capricórnio, que acredita que se algo não deu certo, é porque ele falhou... Ai...ai...

Depois de Dane, fui procurar ajuda com um senhor chamado Eugênio Carutti, dono da "Casa XI" uma das maiores universidades de astrologia da América Latina (sim, isso existe e possui mais de 500 alunos por semestre... são muitas irmãs buscando entendimento) e foi então que ouvi pela primeira vez que possuía talentos... andava pesarosa, achando que tudo era incompreensão e frio, mas ele me deu uma luz...

“Quando realmente te abrir para uma nova circulação de energia, dissipando as dores e tristezas que teu rosto me mostra, aparecerá a solidez emocional que permite um contato mais profundo com o humano, em suas limitações e necessidades. O fundo melancólico que era próprio de tuas fases anteriores dará lugar a um profundo realismo, capaz de encontrar as melhores formas possíveis para o desenvolvimento da criatividade. Nada melhor que a lua em capricórnio para compreender a esterilidade do isolamento e a cristalização do passado. Construir formas que respondam as necessidades reais, articulá-las com os demais e ser capaz de renová-las com um ajustado sentido de tempo... essas são as suas expressões naturais integradas a totalidade da estrutura... vai descobrir que possui uma tendência a simbiose e a dependência emocional muito menor que as demais luas e que portanto, esse é o talento: a capacidade de solidão, porque realmente não necessita “que os outros lhe preencham a vida”, aparecendo dessa forma a expressão de uma emoção madura, capaz de sustentar-se sem dependência, com real aprumo e de resistir a situações que seriam muito difíceis para os outro...”

Agradecida, tomei posse de meus talentos...
Já não procuro aqui e ali as razões de meus infortúnios, apenas tento aprender com eles, entendendo que a maior dificuldade pode se tornar o melhor talento... Saber aprender nem sempre é fácil, ainda mais quando precisa-se fazer uma re-leitura de nossos posicionamentos.
Nada vai mudar os fatos, mas posso mudar o ângulo de visão... e é isso...

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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

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Cantar sobre os ossos para fazer renascer... é sempre que temos que cantar com a alma, fazer com que as notas ressoem nas entranhas, que só uma fêmea possui...



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A vida que eu finjo é um circo.
E eu, palhaço de mim
dispo-me de todos os sorrisos
no calar do camarim.
No picadeiro da alma eu domo as minhas feras
E o meu espírito despeja todas as suas esperas.
Equilibrista de saltos penso que existo:
Malabrista do acaso
Domador de sobressaltos.
O trapézio me leva tão alto
para cima e além das vidas rasas.
E sem pesar eu me jogo no espaço
que fica entre o chão e minhas asas.
Olhos incríveis me habitam e seguram.
Mãos secretas me equilibram e curam.
E no momento do salto
Agarro me a mim mesma, enfim.
Cravo as unhas no meu sonho.
Reconheço o sorriso em mim.
Dispo-me da máscara.
Entrego-me ao real.
No picadeiro do meu ser
O espetáculo não tem final.

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"A Mãe Criadora é sempre também a Mãe Morte, e vice-versa. Em virtude dessa natureza dual, ou dessa duplicidade de função, a grande tarefa diante de nós consiste em aprender a compreender à nossa volta e dentro de nós exatamente o que deve viver e o que deve morrer. Nossa tarefa consiste em captar a situação temporal de cada um: permitir à morte àquilo que deve morrer, e a vida o que deve viver."
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Parece fácil... mas, não é!
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sexta-feira, 25 de julho de 2008

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Finalmente....

O dia verde!

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terça-feira, 22 de julho de 2008

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Uso palavras soltas
De forma irresponsável e sem pretensão
Gosto de combinações imperfeitas
Combino verdades com ilusão


Brinco de escrever
Dispenso talento
Procuro nas letras
Um tanto de alento

Gosto das formas oníricas
Repletas de ilusões pretéritas
Que desvelam-se diante de mim
Em frases quase incompletas

Sou assim...
Sem começo... e sem fim...
Uma eterna descoberta!

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segunda-feira, 21 de julho de 2008

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Estou cansada do nada,
Desta falta de mim mesma!
Estou com fadiga do cotidiano,
O igual de todo dia...
Sinto sonolência diante do óbvio...
Minhas vísceras doem,
Quisera poder servi-las à mesa!


Quero, agora, a presença da alegria
Quero a leveza que me foi roubada,
Sem beijos de despedida!
Quero, agora, o doce sabor de outrora!


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domingo, 20 de julho de 2008

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Lírios


Iguais os que recebi de meu querido Medina!
Estou precisando de mimos e regalos!
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quinta-feira, 3 de julho de 2008

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Clubinho




Chega sexta-feira, o momento esperado, reunião do clubinho. A alegria já ficava estampada só em pensar no que poderia acontecer.
Todo clube possui suas regras e o nosso não era diferente. Normas rígidas que deveriam ser seguidas, sob pena de expulsão. O primeiro dos "10 mandamentos" nos obrigava a tomar um líquido transparente, um tanto doce, com algumas bolinhas verdes ou vermelhas boiando no interior...
Era difícil, mas normas são normas!
Bom, depois desse ritual havia mais nove mandamentos que deveriam ser efetuados com a mesma competência do anterior (confesso que não recordo bem dos demais, talvez por conta do primeiro, minha memória ficou um tanto afetada).
Mandamentos cumpridos, a única obrigação era ser feliz, dar muitas risadas e compartilhar a “caça”, desde que não existisse uma etiqueta com o nome da proprietária, pois estas deveriam ser respeitadas, ainda que muitas confusões ocorressem, pois nem sempre a etiqueta era visível.
É preciso deixar claro que o respeito era devido apenas aos membros do clubinho e a ninguém mais.Enganos à parte, as discussões filosóficas e existenciais entravam a madrugada. Parecia que nunca teriam fim, e muitas sessões extras durante a semana se faziam necessárias, tamanho o volume de informações. Ainda que alguns membros não pudessem estar presentes em todas as sessões, as discussões continuavam, pois vastos relatórios eram elaborados àqueles que faltavam. Talvez esse fosse um dos mandamentos, será?! De qualquer forma, era assim.
Ufa! Que época difícil!
Tantos questionamentos e descobertas, não caberiam em nenhuma página de diário.
Tá certo, nenhum membro possuía o perfil introvertido, daqueles que se escondem atrás de páginas numeradas, o que gostávamos mesmo era da interação e do “corpo a corpo”.
Foram muitos anos, árduos, de cumprimento de regras e retidão (aos preceitos do clubinho, claro!), parcerias intermináveis e inesquecíveis.
Como a vida, o clubinho também teve seu fim. Foram muitas histórias, acontecimentos que marcaram em tudo minha vida.
Olhando para nós hoje, entendo que seguimos nossos caminhos e persistimos em realizar nossos sonhos. Uns mais difíceis, outros não eram bem como imaginávamos, mas todas lutaram e continuam lutando.
Alguns cismas foram inevitáveis, mas de tudo fica uma certeza: Nada pode apagar o passado.
O que vivemos enquanto clubinho vai existir pra sempre, porque foram os mandamentos, as discussões, as lágrimas e os sorrisos que nos formaram fazendo de nós as grandes mulheres que somos hoje.
Isso não é nenhuma apologia ao passado, pois entendo que o melhor momento de nossas vidas é o agora, em verdade, é apenas uma forma de agradecer e de mostrar que dentro de cada uma de nós há um pouco da outra, e isso, ninguém consegue mudar.
Um brinde a Lua Cheia!
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sexta-feira, 30 de maio de 2008

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“O mundo é minha representação, pois é puro fenômeno ou representação. O centro e a essência do mundo não estão nele, mas naquilo que condiciona o seu aspecto exterior, na coisa em si do mundo, a vontade.”

Todas as coisas, seja orgânica, inorgânica, ou consciente, são formas de objetivação dessa vontade. A vontade é o princípio fundamental da natureza, o substrato de todas as forças representadas nos fenômenos, no instinto sexual, no crescimento das plantas, nas pedras, enfim, no perpétuo movimento de vida e de morte.
Da vontade da vida provém todo o sofrimento, que é intrínseco à existência. Somente às aspira àquilo que não se tem: da falta do objeto desejado segue-se o sofrimento. Contudo, o prazer obtido pela satisfação do desejo é momentâneo, pois este abrirá caminho para novos desejos, sempre obstados, sempre em luta para obter sua satisfação. A felicidade não é senão o momento fugaz da ausência de infelicidade.


“É uma verdade incrível como a existência da maior parte dos homens é insignificante e destituída de interesse, vista exteriormente, e como é surda e obscura sentida interiormente. Consta apenas de tormentos, aspirações impossíveis; é o andar cambaleante de um homem que sonha através das quatro épocas da vida, até à morte, com um cortejo de pensamentos triviais. Os homens assemelham-se a relógios a que se dá corda e trabalham sem saber a razão. E sempre que um homem vem a este mundo, o relógio da vida humana recebe corda novamente, para repetir, mais uma vez, o velho e gasto estribilho da eterna caixa de música, frase por frase, com variações imperceptíveis.”


Mas ao contemplarmos a nós mesmos, ao nos descobrirmos joguetes da vontade, estamos, com isso, contemplando a verdade do drama cósmico da existência. Vemo-nos, agora, como emanações de uma só vontade, e os interesses de cada indivíduo passa a ser iguais aos de todos os demais, pois o egoísmo é decorrente apenas da ilusão de vontades independentes que buscam cegamente sua realização.

“Quando a ponta do véu de Maia (a ilusão da vida física) se ergue diante dos olhos de um homem de tal modo que já não faz diferença egoísta entre si mesmo e o restante dos homens, e interessa-se pelos sofrimentos dos outros como pelos próprios, tornando-se assim caritativo até à dedicação, pronto a sacrificar-se pela salvação de seus semelhantes, este homem, chegado assim ao ponto de reconhecer a si mesmo em todos os seres, considera como seus os sofrimentos infinitos de tudo quanto vive, e apodera-se, desta forma, da dor do mundo. Nenhuma miséria lhe é indiferente, todos os tormentos que vê e tão raramente lhe é dado amenizar, todas as angústias que ouve falar, inclusive aquelas que lhe é possível conceber, perturbam-lhe o espírito como se fosse ele a vítima. Insensível às alternativas de bens e de males que lhe sucedem em seu destino, livre de todo o egoísmo, penetra os véus da ilusão individual; tudo quanto vive, tudo quanto sofre, está igualmente junto de seu coração. Imagina o conjunto das coisas, a sua essência, a sua eterna passagem, os esforços vãos, as lutas íntimas, e os sofrimentos intermináveis; para qualquer coisa que se volte, vê o homem que sofre, o animal que sofre, e um mundo que se desvanece eternamente. E une-se tão estritamente às dores do mundo como o egoísta a si mesmo. Como poderia ele, com tão grande conhecimento do mundo, afirmar com desejos incessantes a sua vontade de vida, e prender-se cada vez mais estreitamente à vida?”

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Arthur Schopenhauer

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terça-feira, 27 de maio de 2008

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Mitologia e a Vida


Há em todos nós um misterioso impulso para nos tornarmos nós mesmos — indivíduos únicos e definidos, separados dos laços familiares, das amizades e da vida em comunidade que nos dão o sentimento de identidade. Mas, como a mitologia nos diz, o processo de tornar-se indivíduo é árduo e, por vezes, doloroso. Envolve não apenas a disposição de enfrentarmos os desafios internos e externos que põem à prova nossa força, mas também a capacidade de estarmos sós e suportarmos a inveja ou a hostilidade daqueles que, dentre os que nos cercam, ainda não iniciaram essa viagem para a individualidade. A mitologia nos apresenta histórias sobre a dificuldade de sair de casa e os dragões que temos de enfrentar e combater na luta pela autonomia. As narrativas míticas revelam também a profunda importância do sentimento de objetivo e sentido pessoais — talvez o mistério mais profundo em nossos esforços de nos tornarmos o que realmente somos. Talvez nem sempre reconheçamos a que ponto evitamos o desafio da individualidade, nem nossas maneiras cotidianas de trair nossos valores mais caros para nos sentirmos pertencendo a um grupo. Nessas esferas, os mitos podem nos trazer não apenas discernimento, mas também a reafirmação de que o desenvolvimento pessoal não é, necessariamente, sinônimo de egoísmo. Não há como realmente oferecermos ao outro aquilo que ainda não desenvolvemos em nós mesmos.

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(Adaptado do texto de Liz Greene, Astrologia do destino)
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Nos calcanhares de Dionísio
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"A natureza suplantando a mente e precipitando-a para fora do estado de autoconsciência clara (cujo símbolo mais perfeito é o vinho) é o que jaz na base de todas as criações dionisíacas. O ciclo das formas dionisíacas, que constitui, por assim dizer, um Olimpo especial e diferente, representa essa vida natural e seus efeitos na mente humana, concebida em diferentes estágios, às vezes em formas mais nobres, às vezes em formas menos nobres; no próprio Dioniso desdobra-se a mais pura florescência, combinada com um afflatus que desperta a alma sem destruir o tranqüilo jogo dos sentimentos. "
(Karl Otfried Muller, um filólogo e mitologista clássico do século XIX)


Dionísio configura a imagem do impulso misterioso dentro de cada um de nós, aquilo que nos impele para o desconhecido. Nosso lado conservador, cauteloso e realista observa horrorizado esse espírito jovem e indomado, que confia na providência e que se prepara para saltar num abismo sem um mínimo de hesitação. Representa o impulso irracional que provoca mudança, a abertura de caminhos e a ampliação dos horizontes desconhecidos. Os impulsos irracionais em algumas circunstâncias são muito criativos, em outras, contudo, são destrutivos e, na maior parte das vezes são as duas coisas ao mesmo tempo.
Especificamente é deus do vinho, das festas, do lazer, do prazer, do pão e mais amplamente da vegetação, um dos mais importantes entre os gregos e o único deus filho de uma mortal.


Nas lendas romanas, Dioniso tornou-se Baco, que se transforma em leão para lutar e devorar os gigantes que escalavam o céu e depois foi considerado por Zeus como o mais poderoso dos deuses.
É geralmente representado sob a forma de um jovem imberbe, risonho e festivo, de longa cabeleira loira e flutuante, tendo, em uma das mãos, um cacho de uvas ou uma taça, e, na outra, um tirso (um dardo) enfeitado de folhagens e fitas. Tem o corpo coberto com um manto de pele de leão ou de leopardo, traz na cabeça uma coroa de pâmpanos, e dirige um carro tirado por leões.

Também pode ser representado sentado sobre um tonel, com uma taça na mão, a transbordar de vinho generoso, onde ele absorve a embriaguez que o torna cambaleante. Às mulheres que o seguiam como loucas, bêbadas e desvairadas se dava o nome de bacantes.
É considerado também o deus protector do teatro. Em sua honra faziam-se ditirambos na Grécia Antiga e festas dionisíacas.

Segundo o mito, Dionísio ordenou a seus súditos que lhe trouxesse uma bebida que o alegrasse e envolvesse todos os sentidos. Trouxeram-lhe néctares diversos, mas Dionísio não se sentiu satisfeito até que ofereceram o vinho. O deus encheu-se de encanto ao ver a bebida, suas cores, nuances e forma como brilhava ao Sol, ao mesmo tempo em que sentia o aroma frutado que exalava dos jarros à sua frente. Quando a bebida tocou seus lábios, sentiu a maciez do corpo do vinho e percebeu seu sabor único, suave e embriagador. De tão alegre, Dionísio fez com que todos os presentes brindassem com suas taças, e o som do brinde pôde ser ouvido por todos os campos daquela região. A parti daí, Dionísio passou a abençoar e a proteger todo aquele que produzisse bebida tão divinal, sendo adorado como deus do vinho e da alegria.


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