sexta-feira, 29 de agosto de 2008

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...Arranca o objeto de tua contemplação da corrente fugidia do mundo e o isola diante de si: este individual, que naquela torrente era uma ínfima parte esvaecente, torna-se para consideração do gênio, um representante do todo, um equivalente no espaço e no tempo do muito infinito: ela, consideração, permanece nesse individual, a roda do tempo pára, desaparecem as relações, apenas o essencial, a Idéia, é objeto para ela. – Podemos, por conseguinte, denomina-la de o modo de consideração da coisa independente do princípio razão, em oposição, precisamente ao modo que segue este princípio, que é caminho da experiência e da ciência...

... O conhecimento intuitivo, em cujo âmbito radica a Idéia é, em geral, oposto ao conhecimento racional ou abstrato, guiado pelo princípio de razão do conhecer...

... o conhecimento abstrato, não mais guia a conduta, mas o intuitivo, e é por isso ela se torna desrazoada: além do mais, a impressão do presente é bastante poderosa para ele, lança-o a irreflexão, ao afeto, à paixão...

Schopenhauer

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(W#36 218)
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quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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Universo particular


Nunca escrevi para ti, ao menos não diretamente... são apenas menções a presença e seus coadjuvantes, ou simplesmente um relato dos abismos que em mim resistem e residem... Talvez ainda não consiga interpretar tuas interrogações, ou mesmo acreditar em minhas afirmativas quando pretensiosamente quero conviver com verdades impensadas ou com consciências imensuráveis... Recuar é tarde, teu corpo já fez casa no meu e teu caminho passa por onde andei...
O sentimento é antigo e a mim cabe buscar as respostas do que desnudas quando me olhas, do que provocas com teu silêncio e do que não cresceu no emocional... Tenho muito a aprender e esse aprendizado passa por teus braços... e do quanto de teu, abrigo em mim.

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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

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Um dia, uma voz... palavras que o ouvido acostumara-se a ouvir criaram o entendimento. Talvez todos os seus sentidos estivessem ali... talvez de tanto ouvir perfurou a resistência da ignorância e sua própria escuridão se fez presente.
Incrível que para poder ver algo necessário se faz apartar-se dele.
E foi então que sua luz resplandeceu.




Sem entender com plenitude, segue buscando a cura, do que nela fora colocado... palavras mal faladas, buscas inacabadas, sonhos encaixotados nos cantos do subconsciente e um novo mundo a ser explorado... Ela sofria dores, machucaduras criadas pelo tempo, de um tempo que sentiu como se lhe fora roubado, não há outra saída... enfrentaria seus próprios infernos... e isso já era sabido.

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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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A ANDARILHA


Era uma vez uma mulher que andava pelas ruas e florestas. Era jovem de aparência e ao mesmo tempo antiga como o tempo. Carregava consigo uma mochila onde guardava seus bens mais preciosos. Ainda que tivesse muitos amigos e conhecidos preferia caminhar sozinha, admirando a paisagem, o sol, a lua...
Uma noite, cansada de caminhar, chegou a uma encruzilhada, no centro de uma floresta, sem saber exatamente que direção tomar resolver descansar um pouco e admirar a noite. O céu estava claro, as estrelas mais brilhantes do que conseguia recordar, e no centro do céu a constelação de Órion a observá-la. Embriagada pelo momento, sentindo-se plena e em paz, adormeceu.
Sem perceber o tempo passado acordou com um barulho estranho... Curiosa como sempre fora, resolveu averiguar do que se tratava, tudo para ela era uma aventura e a possibilidade de aprendizado.
Seguindo o som embrenhou-se na floresta, por alguns instantes parecia estar muito próxima, em outros, completamente distante, mas sem desistir, continuou sua busca. O som foi aumentando e parecia vir de dentro de uma grande pedra... Ainda sem conseguir encontrar sua resposta aproximou-se cada vez mais até perceber que se tratava em realidade de uma caverna. Era estranha, ao mesmo tempo em que parecia escura e profunda possuía luz própria, o que lhe permitia ver o que acontecia em seu interior. Extasiada pelo que vira, não percebeu a aproximação de um homem, assustando-se quando esse lhe tocou o ombro. Era um homem jovem, alto, magro, e fazia sinal de silêncio, esboçando um sorriso confiável. Ficaram por quase uma hora apenas observando o que se passava naquela estranha caverna. Ainda em silêncio o jovem homem segurou sua mão levando-a para longe dali. Quando não mais avistavam a caverna, a Andarilha, no ímpeto de entender o que vira, perguntou ao jovem:
A - Quem são aquelas mulheres? O que elas estavam fazendo? Porque elas não têm olhos?
H – Calma! Aquelas mulheres são as filhas da noite, as guardiãs da vida, tecem o destino dos homens. Não possuem olhos porque sua visão não é física, para elas não importam as formas, apenas os registros internos.
A – A primeira tecia o fio, a segunda o esticava e a terceira? O que ela tinha no lugar das mãos?
H – Uma tesoura! A terceira corta o fio quando a vida se extingue.
A – Como assim?
H - Quando alguém morre no plano físico, passa para o mundo astral, e para que isso aconteça o fio é rompido.Enquanto conversavam continuaram a caminhar chegando a encruzilhada onde ela adormecera.
A – Então essas mulheres são as Guardiãs do Destino dos homens? Tudo já está pré-destinado?
H – É quase isso!
Sorrindo ele continua sua explicação:
H – A Primeira mulher não tece o fio da vida em uma Roca qualquer, essa é chamada de Roda Cármica e a partir do seu giro alguns homens podem renascer, outros não, tudo vai depender de uma série de fatores planetários, que elas conhecem muito bem. Quando um homem nasce, ele tem seu destino, suas metas, seu porque de renascer, isso pode variar muito de pessoa para pessoa, pois nunca o nascimento é obra do acaso. A segunda Mulher, que estica o fio, vai determinar os lugares, as pessoas e as circunstâncias em que os renascidos vão construir suas vidas de acordo com seus históricos cármicos.
A – Então não podemos alterar nada? Elas decidem tudo de acordo com nosso passado?
H – Eu disse que é quase isso! Vou te explicar melhor. Olhe a estrada a sua frente, o que vê?
A estrada era diferente de quando chegara naquele lugar, o que antes era uma encruzilhada agora era uma reta sem fim e no mesmo instante que era de terra, parecia ser de pedras douradas, alternando-se em sua visão.
A – Vejo uma única estrada e ao mesmo tempo parecem ser duas, uma de terra e a outra de pedras douradas.
H – Isso mesmo, essa é a diferença, consegues perceber?
A – Não! Porque parecem duas?
H – Na realidade é apenas uma, mas o que determina se ela será de terra ou de pedras douradas são as escolhas que fizemos, aquilo que levamos conosco e o que somos capazes de adquirir no caminho.
A – Como assim?
H – Nessa estrada muitas vezes serás ferida por aqueles a quem ama, sofreras doenças, sentirás falta de muitas coisas. Vais tropeçar em pedras que não verás, vais cair e levantar e a diferença está no que carregas em tua bagagem e das escolhas que fizeres a cada momento. As pessoas podem acrescentar elementos em tua bagagem e elas por si só fazem parte de teu caminho, mas o que construirás com elas é de tua escolha. O amor e o ódio, o ressentimento e o perdão, a ignorância e o entendimento, são o que fazem parte de nossas escolhas. Podes cair no chão e ficar lamentando a queda, culpando alguém, mas podes cair e tentar entender porque não percebeu a pedra, entender que mesmo ela faz parte de teu caminho. Podes ser ferida, magoada e te defender, revidando e magoando da mesma forma, ou até mesmo, com mais intensidade, mas podes tentar perdoar, entender e ajudar quem te feriu, tudo são escolhas, o tempo todo.
A – Então é isso! Somos responsáveis por nossas escolhas mesmo que não se saiba o por que de nossas vidas.
H – Sim, é isso. Tuas escolhas vão determinar os giros da Roda, e o que vais carregar ou não em tua bagagem. Podes chegar no final da estrada com uma bagagem rica e plena de realizações, ou pode levar consigo apenas as faltas e dores sofridas. A maioria das pessoas possui uma mescla das duas coisas, assim como a estrada que se alterna à tua frente.

Sentindo-se desconfortável, com dores no corpo, ela acorda. Percebe que o Sol já estava alto e custa a entender o que se passou. Levantando-se devagar, continuava na mesma encruzilhada, mas não existiam dúvidas sobre qual caminho seguir. Pegou suas coisas pôs-se a caminhar, relembrando sua experiência olhava para o chão e via a estrada alternado-se, as pedras douradas eram lindas e o Sol as faziam mais brilhantes que no seu sonho. Entendeu que teve um lindo encontro com as Senhoras do Destino e agradeceu com a força de todo seu Ser por esse momento, dando-se conta que não sabia quem era o homem que tanto a ensinou e foi então que a intuição pulou de sua mochila e lhe disse ao ouvido: - Livre-arbítrio!
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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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Remédios para os nervos...

Alguém quer?

Aceita!?
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sábado, 16 de agosto de 2008

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Já fui o Grilo Falante...
Hoje apenas um grilo em conflitos, e para completar meu cargo de alter ego do JC foi colocado a disposição!!!!
Ai... ai...
Preciso, urgentemente, me aprumar!!!!
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terça-feira, 12 de agosto de 2008

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Apenas uma Lua

Nasci na constelação de capricórnio, oposta ao Sol em Leão, quase sem querer... Já que é difícil para os elementos em questão (terra e fogo) construírem entre si esse aspecto... mas nada foi fácil e essa seria apenas mais uma das dificuldades. Enquanto meu contraponto, o belo Apolo, está acompanhado da Cauda do Dragão, tendo consciência de suas passagens anteriores, a cabeça do monstro me faz companhia, esperando que lhe diga a direção que deve tomar... Ou será que eu é que a sigo?! Mmmm de qualquer forma, aonde uma vai a outra vai junto já que estamos (eu e a cabeça) na mesma constelação.


Em declínio, minhas fases já não podem ser tão fluídas, tornam-se mais sólidas com a responsabilidade de significação a cada grau percorrido. Recebo as graças de Hades, meu amado Plutão, em um trígono crescente, servindo de intermediário em sextil com Apolo. Somente ele toca a nós dois, e a responsabilidade aumenta, pois tenho eu mesma, que descer nos abismos de seu território.


Lugares sombrios e escuros são minha morada, já que em capricórnio as cavernas lhe servem de casa... Então, desde muito cedo tive de aprender as lições da solidão, e do afeto por conta-gotas... sinto falta do que não tive, ou que me foi negado, ou simplesmente estava ali, mas não ao meu alcance.


No dia que nasci estava bela, linda e radiante, contando as horas para me tornar cheia, muitas pessoas olhavam minha face e já me viam como se cheia estivesse, mas faltavam 6h para isso, então estava em uma fase de transição, em um dia de troca de bastão, sairia da crescente e entraria na fase cheia... E até isso é confusão... Ai... ai... no final das contas não era nem uma nem outra e há quem diga, como Dane Rudyar, que estava corcunda, será? O que isso quer dizer!? Bem peguei os livros e lá fui eu... Lua Corcunda...
“Tende a dar muita atenção ao desenvolvimento da sua própria capacidade de crescimento pessoal, deseja oferecer valor e significado à sua sociedade, à própria cultura, ou de modo geral, a própria vida. Pergunta-se repetidamente, “por quê?”, e trabalha no sentido do esclarecimento de questões pessoais ou sócio-culturais, tendo em mente algum tipo de objetivo que para ela é importante. Em geral, possui uma mente aguçada e de capacidade para associar idéias e conceitos, procurando com isso tornar possível algum tipo de revelação ou de iluminação...”
Sabias palavras de Dane... ainda que sejam muitas as perguntas sem resposta.

Uma vez, ouvi um comentário pelo Zodíaco que se conseguisse vencer minhas carências conseguiria materializar qualquer coisa que desejasse com intensidade, ou que sentisse necessário que meu fosse... às vezes isso realmente acontece, mas meu inconsciente atrapalha e acabo materializando as faltas, talvez mais do que as presenças... Estou aprendendo, e a sensação de culpa é apenas mais um sintoma de capricórnio, que acredita que se algo não deu certo, é porque ele falhou... Ai...ai...

Depois de Dane, fui procurar ajuda com um senhor chamado Eugênio Carutti, dono da "Casa XI" uma das maiores universidades de astrologia da América Latina (sim, isso existe e possui mais de 500 alunos por semestre... são muitas irmãs buscando entendimento) e foi então que ouvi pela primeira vez que possuía talentos... andava pesarosa, achando que tudo era incompreensão e frio, mas ele me deu uma luz...

“Quando realmente te abrir para uma nova circulação de energia, dissipando as dores e tristezas que teu rosto me mostra, aparecerá a solidez emocional que permite um contato mais profundo com o humano, em suas limitações e necessidades. O fundo melancólico que era próprio de tuas fases anteriores dará lugar a um profundo realismo, capaz de encontrar as melhores formas possíveis para o desenvolvimento da criatividade. Nada melhor que a lua em capricórnio para compreender a esterilidade do isolamento e a cristalização do passado. Construir formas que respondam as necessidades reais, articulá-las com os demais e ser capaz de renová-las com um ajustado sentido de tempo... essas são as suas expressões naturais integradas a totalidade da estrutura... vai descobrir que possui uma tendência a simbiose e a dependência emocional muito menor que as demais luas e que portanto, esse é o talento: a capacidade de solidão, porque realmente não necessita “que os outros lhe preencham a vida”, aparecendo dessa forma a expressão de uma emoção madura, capaz de sustentar-se sem dependência, com real aprumo e de resistir a situações que seriam muito difíceis para os outro...”

Agradecida, tomei posse de meus talentos...
Já não procuro aqui e ali as razões de meus infortúnios, apenas tento aprender com eles, entendendo que a maior dificuldade pode se tornar o melhor talento... Saber aprender nem sempre é fácil, ainda mais quando precisa-se fazer uma re-leitura de nossos posicionamentos.
Nada vai mudar os fatos, mas posso mudar o ângulo de visão... e é isso...

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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

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Cantar sobre os ossos para fazer renascer... é sempre que temos que cantar com a alma, fazer com que as notas ressoem nas entranhas, que só uma fêmea possui...



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A vida que eu finjo é um circo.
E eu, palhaço de mim
dispo-me de todos os sorrisos
no calar do camarim.
No picadeiro da alma eu domo as minhas feras
E o meu espírito despeja todas as suas esperas.
Equilibrista de saltos penso que existo:
Malabrista do acaso
Domador de sobressaltos.
O trapézio me leva tão alto
para cima e além das vidas rasas.
E sem pesar eu me jogo no espaço
que fica entre o chão e minhas asas.
Olhos incríveis me habitam e seguram.
Mãos secretas me equilibram e curam.
E no momento do salto
Agarro me a mim mesma, enfim.
Cravo as unhas no meu sonho.
Reconheço o sorriso em mim.
Dispo-me da máscara.
Entrego-me ao real.
No picadeiro do meu ser
O espetáculo não tem final.

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"A Mãe Criadora é sempre também a Mãe Morte, e vice-versa. Em virtude dessa natureza dual, ou dessa duplicidade de função, a grande tarefa diante de nós consiste em aprender a compreender à nossa volta e dentro de nós exatamente o que deve viver e o que deve morrer. Nossa tarefa consiste em captar a situação temporal de cada um: permitir à morte àquilo que deve morrer, e a vida o que deve viver."
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Parece fácil... mas, não é!
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