Os tempos passam bem diante de mim. Tento aprender a multiplicar as horas de meus dias, existindo em muitos espaços ao mesmo tempo. Há momentos que simplesmente não estou, nem aqui e nem ali. As pressões existem em cada um desses espaços, e até mais de uma nas mesmas dimensões de mim. Como lidar com elas? Confesso não estar sendo hábil na tentativa de me fragmentar nos diferentes espaços-tempo.
Imagino que essas dificuldades façam parte do processo. Aprendemos a nos concentrar e a existir a cada tempo em um determinado espaço. Ainda que as vozes nunca se calem, a imaginação não deixe de criar e nem os sentimentos de existir. E isso ainda é nada, diante do que abrigo!
Ah! Preciso de mais vinho, ficar rosa, branca e tinta. Focar-me na dissolução... fluir sem deixar de estar. Como é difícil! Pequenas coisas me distraem... velhas rusgas me irritam, e nem aos hormônios, hoje, posso culpar.
Como criar as pontes do existente entre os espaços-tempo? Materializar em um o que tem no outro? Estar, nos diferentes mundos que me habitam, ao mesmo tempo. Como sentir, perceber, criar e existir, de maneira consciente, em todos esses movimentos simultaneamente?
Vivo entre a genialidade da loucura e a bestialidade do normal - a quase morte - sem estabilizar-me em nenhum. Será possível?
Esses dias, num surto corriqueiro, pretendi entender e dimensionar os resultados. Tê-los como em um catálogo, quem sabe até multicolorido - como se fosse possível! Certamente não o é. Os resultados das construções são sempre a posterori.
Não consigo satisfazer-me com o que está ao alcance das mãos. Meus olhos estão focados no depois, no além e acima. As assertivas das previsões tornam-se irritantes... como gostaria de ser surpreendida de maneira exagerada e positiva. Tudo bem! Tudo bem! Não dá pra olhar pra fora, não nesse instante, onde as pressões do que não é tentam sufocar o que está se construindo.
A humanidade em cada um, ainda é uma utopia.