sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O enigma dos relacionamentos...

Naquele dia resolveu olhar-se de outra maneira, buscando nas assertivas e interrogações dos olhos que a fitavam o reflexo de si. Desejava saber como seria vista, sentida, que tipos de filtros emocionais e mentais poderiam existir - aqueles olhos possuíam a ilusão de conhecê-la, fantasias e desejos que jamais foram revelados.

Deixou-se ir devagar – buscava desvendar os segredos daquele olhar. No primeiro instante sentiu seu medo da aproximação, como se um grande tornado se formasse no dentro, pensamentos sendo lançados de um lado para outro, confusos, repletos de sentimentos antagônicos - o medo das consequências chocava-se com o desejo do acontecer, enquanto a razão gritava palavras de ordem, a vida pedia passagem esgueirando-se entre os sons, despertando os desejos. Tudo estava tenso, muito tenso.

O tempo passou - não muito tempo -, mas o suficiente para o vendaval esvair-se, para que apenas uma brisa leve, carregada de certezas, de desculpas e de obrigações tomasse conta dos corpos. Aqueles olhos estavam calmos e intensos, ainda que oscilassem entre a segurança e insegurança, como se o vento pudesse aumentar sua velocidade a qualquer momento. Faziam força para manterem-se focados e atentos. Uma sutil agitação causada por um medo, quase irracional, podia ser sentida. Naqueles olhos cresciam as dúvidas, a admiração e o medo – quem ela é?

...uma mistura de desejo e de realização transbordava através do olhar, era fato, tudo acontecera. Os olhares se misturaram e ela já não soube dizer quem estava fitando a quem. Sentiu medo de si mesma - as interrogações só haviam aumentado –, percebeu toda sua intensidade. Rapidamente a mente e seus códigos de honra tomaram conta daquele olhar - mas a vida estava ali, não podia ser negada, refletia-se nas pupilas, brilhava à distância.

Os olhares despediram-se.
Aquele olhar levou consigo mais do que imaginaria levar e deixou a certeza e o desejo de voltar.

Repleta dos outros olhos, ela buscava algum tipo de explicação, alguma coisa que justificasse a combustão. Entendeu que aqueles olhos ainda não a tinham visto, ficaram presos em seus medos, desejos e inseguranças.

Como ela poderia explicar àqueles olhos sua intensidade e entrega, se nem ela mesma conseguiu entender os efeitos que provocaram em seus corpos? Como fazer com que percebam seu dentro, suas machucaduras e seu desejo pela vida? De que maneira aqueles olhos entenderão que tudo o que ele é e o conjunto que abriga, com suas curvas e declínios, realmente a agradam? Será que ele foi capaz de perceber o que despertou? Como ela poderá colocar seus olhos naquele olhar - depois da tempestade - se o que restou foi o silêncio das palavras.
.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

estado emocional

Ansiedade mata? Morri!?




.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Como pode-se viver sem ideais ou ideologias?

(eu, não consigo)


Viver para e por si mesmo, é muito pouco.

.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

ilusíon

.

domingo, 1 de novembro de 2009

anúncio

As vozes se foram. Encontraram novos/velhos rumos, partiram com aquele que as criou. O silêncio, a princípio, confundiu-se com paz, um estado sereno de ser que a muito estava ausente de sua mente e vida. Ela sentia-se vazia – ao partir as vozes deixaram pequenos buracos escuros, deformando os sentidos.

Deu-se tempo, preencheu-se de luz, de sono, de ervas, de água e de sol... Despertou, livre do atordoamento das insanidades proferidas. As poucas cicatrizes que restaram guardam nas paredes da memória a lembrança da sobrevivência e de ser hoje, ainda mais forte do que fora.



O silêncio gesta novas sílabas, novas orações e frases são forjadas através do riso leve, como se o riso fosse desconhecido. As mãos registram o espanto do próprio nascimento, no mesmo instante em que anunciam: As vozes morreram!